quinta-feira, 4 de abril de 2013

Procurando por bolhas de sabão

Meu coração quase pulou agora. Há muito tempo não sentia isso. Algo parecido com um assombro maravilhoso e um cobertor junto à lareira. Algo semelhante a um amor eterno. Mesmo que não tenha durado mais que alguns segundos antes de volver meus olhos para os aspectos cinzentos do meu coração novamente, parece que uma parte de mim começou a viver novamente.

Outro dia, conheci um menininho que me fez refletir sobre a falta de cores em minha vida interior. Estávamos no ônibus e ele tentava abrir uma espada de brinquedo; com suas mãos suaves, gorduchas e curiosíssimas, sem obter sucesso algum. Seu pai relatou que ele não desistia de tentar de tudo sozinho antes de pedir ajuda. O pequenino já tinha um senso de independência um pouco anormal para seus dois anos de idade.
Finalmente, se rendeu e pediu ao papai para abrir a espada que servia como um abrigo de surpresas
incomparáveis aos seus olhos inocentes: bolhas de sabão. Ao sopro de seu pai eram formadas muitas, mas tantas bolhas de sabão, que o menininho quase não se continha de tanta felicidade e contentamento. Seguia umas com o olhar, já outras tentava alcançar...enquanto segurava o rosto de seu pai e gargalhava com alegria sem fim.
Ele estava feliz, no pleno e completo sentido da palavra. Amava seu pai, mas estava radiante por este ter fôlego o suficiente para fazer quantas bolhas de sabão desejasse. O pequeno não sabia abrir a espada e também não tinha a habilidade de soprar para formar tantas bolhas quanto seu pai; entretanto, isto não fazia diferença. O que importava era a companhia de seu pai e as bolhas de sabão. Senti inveja. E vontade de voltar ao tempo que eu não ligava para mais nada a não ser bolhas de sabão e a companhia do Papai. 
Percebi um buraco em meu coração se aprofundar ao lembrar de perguntas urgentes não respondidas, pessoas de suprema importância não mais presentes e meu coração superlotado de lembranças atormentadoras de tão belas, puras e singelas. Segurei minhas lágrimas e sorri para o pequenino que nunca ficará ciente de tantos sentimentos despertados em mim em meio a sua inocência.
Quando a vida ficou tão complicada? Quando paramos de notar a beleza de bolhas de sabão, de um sorriso sincero e um coração vulnerável? Por que eu me agarro justamente à ausência, tristeza e questionamentos? Depois que crescemos, gostamos de incrementar nossos relacionamentos e descansos de alma com dúvidas, medo e decepção. Não procuramos por bolhas de sabão, mas sim qual defeito comprometerá no futuro a aliança de amizade que temos agora.

"Vocês não percebem nada? Não prestam atenção?O Eterno não vem e vai. Ele permanece.Ele é o Criador de tudo que vocês veem e conseguem imaginar.Ele não entra em estafa, não faz intervalo para recuperar o fôlego.Ele conhece tudo, nos mínimos detalhes.Ele fortalece os que estão cansados, renova as forças dos que desistiram.Pois até os jovens se cansam e desistem,os jovens na flor da idade tropeçam e caem.Mas os que esperam no Eterno renovam as suas forças.Abrem as asas e voam alto como águias,Correm e não se cansam,andam e não ficam exaustos." Isaías 40. 28-31 (MSG)

Entretanto, Deus é simples e direto. Ele fala que permanece, e é justamente isso que Ele faz. O amor dEle não oscila juntamente com o nosso humor (e fico imensamente grata por isso). Ele permanece. E ainda sopra muitas bolhinhas de sabão que passam imperceptivelmente pela nossa vista devido ao nosso olhar cabisbaixo e desfocado e sem esperança.

Deixemos de lado nossos pesares e sofrimentos. Chega de corações enegrecidos e consumidos pela culpa e autocompaixão. Voltemos nossos olhares para as cores e bolhas que nos são apresentadas. Vamos sentar acalentando a esperança preciosa e esperar pelo colo do Pai que cura as feridas da nossa alma causadas pela vida e por nós mesmos. A aliança com Ele tem a durabilidade de Sua própria existência: é eterna. Descansemos nosso coração nesta Verdade, no nosso Abba.


"Eu sei que ainda não chegamos em casa, baby. Mas vamos deixar nossas esperanças prevalecerem sobre os nossos medos.Eu jamais abandonarei você. Mesmo em sua dor você não está sozinho!"

2 comentários:

  1. Seus textos, como sempre tão excelentes...Me edificou muito. Tenho realmente que buscar sempre esse lado infantil de amar a simplicidade e sorrir com as divertidas bolhas de sabão.Ser assim nos levam a gratidão e satisfação. Beijo!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Disse tudo >.< vamos juntas pra jornada da simplicidade só com o Amor nas mãos ao lado do Rei =)

      Excluir