segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

onde ela é fraca, fortaleça-a.



D O R. Uma sensação única que traz à tona toda a essência de um ser. 
Arranca a beleza dos olhos e a paz do coração. 
Multiplica-se o pesar na alma e o espírito é perturbado.
Os olhos, sem brilho agora, não enxergam nada mais que a completa escuridão.
Estão perdidos, procurando por um foco de Luz, reflexo de um raio de Sol ou por alguém que saiba o caminho para a claridade. 
Suas mãos machucadas, vermelhas, com unhas corroídas e sangrando mostram o desespero de seu interior, procuram por uma saída, tateando todas as frestas da caverna que se encontra o Coração. 
Este órgão, essencial para a Vida, está quase morto, afogando-se em sua própria dor e sofrimento, desejando desistir de tudo o que algum dia almejou. Desistindo das esperanças, prazeres e sonhos.
É isto que a dor causa.

Eu nunca senti dor. Jamais me desesperei ao ponto de pensar em desistir. Nunca não recebi ajuda e consolo. Eu jamais estive em uma escuridão completa na qual não houvesse ninguém para me socorrer, abrigar minhas lágrimas e sussurrar esperanças e céus azuis em meus ouvidos nos dias em que a chuva tamborilava insistentemente em minha janela. Nunca senti a dor de ser abandonada, envergonhada, ridicularizada.

Acho que é por isso que não consigo ser a pessoa que está atenta aos pedidos de ajuda dos outros. Não protejo ninguém na hora da tempestade, não abrigo meus irmãos em meus braços e não vejo os olhos que gritam por socorro e suas lágrimas a cair constantemente por onde passam. Eu não enxergo.

A única coisa que tenho percebido sou eu, sem ao menos notar quantos degraus de orgulho eu subi quando parei de olhar para o Único e mirar-me no centro. Quando pensei em como preencher meu tempo - como se fosse realmente meu -, minha vida, meu coração. Ao olhar pra terra seca aos meus pés e uma grama verde ao lado, pensei que já havia chegado ao local que me era destinado.

Entretanto, assim que examinei todo o contexto, me vi em um precipício. O precipício no qual eu jogava todos aqueles que achei que eram menores e mais errados que eu. Os que vi apresentando um cisco no olho, sem ao menos notar a torre incrustada em meu cérebro que tapa minha vista, coração e percepção. Os que julguei por uma situação, sem querer conhecer mais de suas vidas, dilemas e tristezas. Cortei fora de minha vida aqueles que não pensavam como eu, discordavam de mim ou não amavam as mesmas coisas. Porém, notei agora que eu cortei o meu próprio Corpo. Na verdade, o Corpo dEle, ao qual faço parte apenas pela misericórdia não por merecimento.

Só tenho apenas um desejo. Eu quero enxergar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário