terça-feira, 29 de maio de 2012

Mas nos deram espelhos, e vimos um mundo doente...

Não, ainda não há nenhum ponto iluminado por aqui que a minha visão possa alcançar. Tudo ainda não passa de um borrão escuro, negro, que consome todas as minhas energias. A esperança não passa de breves lampejos, ou como alguns poderiam dizer, certo otimismo da minha parte. Entretanto, algo mudou. Não, mudou não é o verbo apropriado... e sim, intensificou. Sim, algo foi intensificado excessivamente em meu coração após o último post.


Estou insatisfeita. Não como antes; na verdade eu nem sei exatamente como estou. Mas apenas não consigo ficar indiferente pois meu coração se entristece, escurece e se fecha. Ela chega silenciosamente, sem ter sido convocada e acomoda-se espaçosamente em meu interior. 


Então, li um dia algo que realmente me perturbou, entretanto mostrou-me que minha insatisfação não provém de negativismo ou pelo fato de ser ranzinza ou qualquer coisa do tipo. Foi Ele que implantou isso em meu coração; e com um propósito. Está em um dos meus livros prediletos, claro. :)


"Bom é para o homem suportar o jugo na sua juventude. Que se assente sozinho e fique calado, porque Deus o pôs sobre ele. Que ponha a boca no chão, talvez ainda haja esperança.[...] 'Os meus olhos derramam lágrimas sem cessar, sem interrupção, até que o Senhor atente e veja lá do céu.'" Lamentações 3.27-29, 49-50.


A minha insatisfação, digamos assim, está relacionada comigo e a Igreja, como o Corpo de Cristo. Vai além de todos os escândalos e heresias por parte de muitos que se dizem cristãos. Vai além da teologia da prosperidade e bençãos distribuídas desigualmente nas igrejas. Está em como estamos vivendo como cristãos. Uma vida completamente dupla.


Afirmamos que desejamos a Deus mais do que tudo no Universo, mas também desejamos ser mais bem-sucedidos que todas as pessoas ao nosso redor, neste mundo material. Queremos tanto isto que acabamos esquecendo de tudo o mais; inclusive daquele cujo considerávamos mais importante.


Se vivemos aquilo que falamos aos outros, onde está o desejo e anseio de que o Reino de Deus que já existe se estabeleça sobre nós eternamente, na Terra? Ansiamos realmente por Sua volta? Desejamos realmente e voluntariamente conhecê-lo pessoalmente? Então por que continuamos seguindo no absurdo, na surdez? Por que continuamos tão frios e porque nossa mente está tão cauterizada que não detectamos como o mundo ao nosso redor precisa que tomemos uma posição? 


Como todos falam, Deus não precisa de nós para fazer aquilo que tinha planejado desde antes da criação do Universo e de tudo aqui abaixo do Sol, entretanto creio que gostaria muito que nos voluntariássemos a ocupar um lugar perto dEle. Em Seus braços. Em sua incrível e redentora Graça.


Para ouvirmos Ele sussurrar em nossos ouvidos as palavras de Jesus: 
"O próprio Pai vos ama." João 16.27


"Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem? Tudo é dor, e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor." Legião Urbana

2 comentários:

  1. Bela reflexão, as vezes faço questionamentos parecidos também guiados pela insatisfação. Acho que quando decidimos realmente abrir os olhos e enxergar a realidade em que vivemos, no "mundo cristão" e fora dele, esse sentimento impera. O final reconfortante do seu texto faz lembrar o que as vezes guiados pela razão ou imersos no mundo material acabamos esquecendo: a incrível e redentora graça de Deus. "O próprio Pai vos ama." João 16.27

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    1. Verdade, esquecemos isso e esquecemos de tomar posição. Como Jeremias falou, sentar e esperar, suportando o jugo (insatisfação) porque talvez ainda haja esperança....

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