quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Quão doce o som!

- Shhhhhhhhhhhhhhhhh! Aquiete-se por um instante! Deixa o pensamento fluir calmamente, torna claro o escuro, deixa o coração bater no ritmo certo, dance conforme o ritmo da canção!

Mas... não posso. Tenho que cumprir metas, alcançar objetivos, correr atrás do tempo porque ele não volta ou repete nunca. Preciso sorrir, ser agradável, polida, amável, atenciosa, organizada, cuidadosa, disciplinada. Não tenho tempo para parar. Não posso chorar. Sou proibida de silenciar-me e meditar; de encontrar o caminho que perdi no meio do tumulto de informações, pessoas, acontecimentos.

Percebo que tenho vivido em meio a esse diálogo por muito tempo. Eu não sei o porquê. Preciso acreditar no que Andrew Murray¹ escreve e me agarrar a esta verdade.
"Quanto mais fraco se sente, quanto mais baixo se afunda, [...] mais o poder e a presença de Cristo são sua porção - até, a ele, que nada é, a palavra de seu Senhor trazer continuamente profunda alegria: 'A minha graça te basta'."

Não sei porque o brilho de esperança do futuro tem sido ofuscado em meus olhos; pelo menos não consigo percebê-lo ao olhar para a imagem refletida neste espelho quebrado. Estou cansada. Fatigada. Como ao correr uma maratona sem ter me preparado fisicamente para tal.

Enquanto escrevia esse post sem saber como concluí-lo, assisti, talvez pela sétima vez, o filme Jornada pela Liberdade, que conta a história de William Wilberforce, político britânico que foi o líder do projeto de abolição do tráfico negreiro. Lutou por vinte e seis anos para conseguir a aprovação do projeto pelo Parlamento. Vinte e seis anos. Sua juventude, garra, força e determinação foram gastos no que almejava, naquilo que Deus havia colocado em seu coração.

Sim, admito; chorei ao rever a trajetória deste homem tão incrível. Ele tinha visão. Não possuía apenas um sentimento de solidariedade com relação aos escravos ou acalentava uma esperança de que houvesse uma mudança radical no decorrer do tempo. Wilberforce usou de sua posição como parlamentar e inspirado por Deus, lutou por aqueles que não tinham vozes neste mundo. E simplesmente não desistiu após anos e anos de seu projeto ser negado pelo Conselho devido ao apoio recebido por seu mentor e esposa. É isto que tenho desejado. Visão e paixão por algo inspirado por Deus no qual valha à pena entregar minha juventude, vigor e coração totalmente. E por um mentor, assim como John Newton² foi para Wilberforce, que oriente e me aproxime de Deus e Sua sabedoria.

Não me importo se a vida for curta, difícil ou nebulosa; o Eterno é refúgio secreto e Sua inspiração e presença são suficientes para sobrepor toda escuridão e dúvida. É nesta dança que quero me mover, cantar em alto e bom som a bela melodia entoada pelo Mestre em meu coração. Como diz um pequeno poema, dançarei entre os túmulos até que toda a morte se vá³.

Finalizo com o trecho da tão conhecida música de John Newton, Amazing Grace.

Amazing Grace, how sweet the sound,
That saved a wretch like me!
I once was lost but now am found,
Was blind, but now I see.

Sublime graça, quão doce o som,
que salvou um miserável como eu!
Já estive perdido, mas agora fui encontrado.
Estive cego, mas agora posso enxergar.

Que Ele nos faça enxergar.




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¹ Andrew Murray em Humildade.
² John Newton, ex-traficante de escravos redimido por Cristo que orientou William Wilberforce e o levou a conhecer Cristo e a sua causa a lutar.
³ Stephanie Grace Whitson.

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