beleza tão antiga e tão nova...

Olá. Eu sempre soube o quão indigente sou, mas nunca tinha parado tanto para pensar nisso. No meio de toda a intensidade da beleza do Amor de Deus, infinitamente maior que os cristais de selenita, eu me encontrei perdida, culpada e totalmente não merecedora da Graça de Deus. O sábio Santo Agostinho coloca essas palavras muito bem.

"Admirava-me de já te amar, e não a um fantasma em teu lugar; mas não era estável no gozo do meu Deus. Era arrebatado a ti por tua beleza, e logo afastado de ti pelo meu peso, que me precipitava sobre a terra a gemer. Meu peso eram os hábitos carnais. Mas tua lembrança me acompanhava. Nem absolutamente duvidava da existência de um ser a quem eu devia me unir; embora não estivesse apto para esta união, porque o corpo, que se corrompe, sobrecarrega a alma, e a morada terrena oprime o espírito carregado de cuidados." ¹

E em meio a toda essa confusão mental que me levava a questionar todo o propósito das coisas que fazia, li algo essa semana incrível.

"'Mesmo que os montes fujam e as colinas se despedacem,
Meu amor não a abandonará, minha aliança de paz não se desfará'.
O Eterno, que tem compaixão de você, é quem está dizendo isso." ²

Já sabia disso. Então por que foi tão incrível no momento que li?
Simplesmente porque no meio dessa névoa de questionamentos sobre como eu estava me saindo no relacionamento com Deus, eu o perdi de vista. Foi como se estivesse vivendo um novo período da Lei, que remete ao Antigo Testamento, antes de Jesus sacrificar-se a Si mesmo por mim e por você, mesmo sendo Deus. Foi como se tivesse voltado ao Pentateuco, tomando o cuidado para oferecer corretamente os sacrifícios pelas ofertas de perdão e paz; e obedecendo fielmente os 10 mandamentos e todos os rituais de limpeza espiritual. Não que isso não tenha importância hoje em dia. Pelo contrário, senão não estariam na Carta de Amor de Deus.

Entretanto, me concentrei tanto nas minhas falhas de disciplina, minha falta de amor, minhas intenções ao demonstrar amor... que perdi de vista tudo o que mais quis. Me preocupei demais, intencionalmente, em me tornar aceita por Ele por meus próprios esforços, embora esteja praticamente careca de saber que isso é impossível. É a Graça dEle, o eterno favor dEle.Então por que preocupar-me tanto comigo mesma? De uma forma ou de outra, o nome disto continua sendo egoísmo.

"Por que você está deprimida, minha alma? Porque chora de melancolia?
Olhe para Deus, e logo o louvará outra vez.
Ele põe um sorriso no meu rosto. Ele é o meu Deus." ³

Esse é o ponto. Tudo o que eu preciso saber, analisar e guardar em meu interior é que Ele veio simplesmente por Amor e suspira por um relacionamento com Ele. Não preciso analisar como estou porque estou nas mãos dEle e isso é mais do que suficiente. Tudo o que sou, a razão porque vivo, respiro, penso, estudo e me envolvo é Ele. Se Ele não estiver nessa jornada aqui debaixo do Sol, minha vida é algo completamente descartável e inútil. Então, "fixo os olhos naquilo que não se vê, pois é eterno".4

"Se sei que não tenho força de vontade, nem nobreza de disposição. então Jesus diz: "Bem-aventurado és tu', porque é através dessa pobreza que entro no reino dele. Não posso entrar nele como pessoa boa, só posso entrar como indigente." 5

Bem, espero que minha experiência pessoal sirva para alguma coisa. Que Ele seja o que ocupa nossas mentes. O Infalível Amor. Essa música a seguir é retirada das palavras de Santo Agostinho em seu livro Confissões. Não tenho palavras para descrever quão linda é.



¹ Santo Agostinho. Confissões. Livro Sétimo, capítulo XVII: Caminho para Deus.
² Isaías 54.10
³ Salmos 42.11
4 II Coríntios 4.18b
5 Oswald Chambers. Tudo para Ele, página 183.